Ciclo de
cinema Palavra e Imagem deseja
trazer ao público universitário diálogos existentes na produção
cinematográfica, entre palavra, corpo e imagem. O que alguns críticos e
teóricos convencionaram chamar de Modernidade caracteriza-se, dentre outros
aspectos, pelo cruzamento de gêneros e de linguagens. Os encontros do Cinema
com as outras Artes têm alargado as fronteiras sempre móveis das expressões
artísticas contemporâneas. Os filmes que apresentamos dialogam com a música, a
pintura, a dança e a literatura, constituindo "documentos de
cultura". Neste sentido, o cinema constituiria uma espécie de memória
cultural ou "narrativa" de um fazer artístico.
Veremos ao
longo do ciclo a pintura dos haitianos Tiga, d'André Pierre e Préfète Duffaut,
cuja arte configura um espaço ritual e mítico; a história paralela da poesia e
da música; a palavra e o som mesclados na dança do Grupo Corpo cujos
espetáculos trazem elementos da arte dramática com doses de lirismo; a
etnoficção de Jean Rouch, etnólogo cujo uso inusitado da câmera - como
instrumento de investigação - empresta-lhe autonomia, fazendo oscilar as
fronteiras entre relato e ficção; a experiência de Mário Peixoto, diretor do
filme Limite, marco do cinema mundial e que além de cineasta é um raro escritor
- e artista cuja obra radicaliza o diálogo intenso entre a literatura e o
cinema.
Este Ciclo é
uma parceria entre a área de Língua Francesa e a área de Artes Visuais do ILA -
Instituto de Letras e Artes da FURG. Ao final do ciclo, teremos a participação
do professor Dr. André Soares Vieira, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM) que fará uma palestra sobre suas pesquisas referentes às relações entre
cinema e literatura.
Dir. Arnold Antonin, 2001. Documentário, Haiti, 52 min. Francês et crioulo haitiano com legendas em espanhol.
TIGA [Jean Claude Garoute -
[1935-2006], escultor, pintor, músico. Iniciou com a escultura; renovou a arte
da cerâmica do ponto de vista da técnica e da iconografia; fundou uma escola e
criou um movimento e uma estética.
Fundador de Poto Mitan à
Kalfou, bairro de Porto Príncipe, movimento importante de onde saiu uma nova
geração de artistas como Patrick Villaire et Philippe Dodard. Criador do
Movimento Saint-Soleil, nos anos 70, com camponeses de Soissons-la-Montagne.,
Tiga desejou fazer da arte uma intervenção coletiva e retirar a pintura
haitiana do folclore. A pintura naïve era, até então, narrativa. Saint-Brice e
Tiga criam uma arte moderna, com inspiração no vodu como fonte de valores
estéticos, integrando os vèvès na obra de arte, Tiga foi um pintor-pesquisador-
filósofo e místico da forma, do conteúdo e do suporte.
18hs15m
Palavra encantada
Dir. Helena Solberg, 2008. Documentário, Brasil, 86 min.
SINOPSE
Palavra (En)Cantada é
um documentário de longa-metragem (86min), dirigido por Helena Solberg, que
percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial
para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval
de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra
(En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje,
costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais
e surpreendente pesquisa de imagens.
O filme
conta com a participação de Adriana Calcanhotto,Antônio Cícero, Arnaldo
Antunes, BNegão, Chico Buarque,Ferréz, Jorge
Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha
(Cordel do Fogo Encantado), Lenine,Luiz Tatit, Maria
Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom
Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos
sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom
Jobim.
A
maioria das entrevistas foi realizada na casa dos entrevistados, em atmosfera
intimista, com o registro de declamações e canções especialmente para o
documentário. Poemas de Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Hilda Hilst
e pérolas de nossos grandes compositores conduzem o roteiro do Palavra
(En)Cantada. Entre as músicas do filme estão Choro Bandido (Chico
Buarque/Edu Lobo), Alegria, Alegria (Caetano Veloso), Alvorada (Cartola),
História do Brasil (Lamartine Babo), Inclassificáveis (Arnaldo Antunes),
Fábrica do Poema (Adriana Calcanhotto/Waly Salomão), 2001(Tom Zé/Rita Lee) e O
Mar (Dorival Caymmi).
20h
Fabricando
Tom Zé
Dir. Décio Mattos Jr., 2006.
Documentário, Brasil, 89 min.
Sinopse
FABRICANDO
TOM ZÉ é um documentário que retrata a vida e obra de um dos mais controversos
Tropicalistas. O fio condutor desta história é a turnê que ele fez na Europa em
2005. O filme mescla diferentes formatos de vídeo, película e animação para
formar uma detalhada visão do universo musical de Tom Zé, para o qual um baixo
e um esmeril têm a mesma importância melódica. Em entrevistas intimistas, o
músico fala de diversas fases de sua vida. Sem censura e de forma muito espontânea,
ele conta como começou sua carreira na década de 60, fala abertamente do
ostracismo nos anos 70 e de seu ressurgimento no início anos 90.
O filme
ainda conta com entrevistas de Gilberto Gil, Caetano Veloso, David Byrne e
outros. FABRICANDO TOM ZÉ revela porquê, aos 70 anos, Tom Zé ainda é
considerado um músico de vanguarda, detentor de uma produção e de um estilo
único e altamente original de fazer música.